Eu e o Lâmina estávamos chegando, enquanto o rapaz vinha em nossa direção, quando subitamente um tiro é disparado pelas costas do infeliz fazendo-o cair sem qualquer reação. Todos nós gritamos em reprovação a atitude do Mecânico, mas já era tarde demais, o estrago já estava feito e não havia mais o que ser feito. O velhote praguejava no carro batido no poste adiante, foi aí que percebi a existência de um garoto do outro lado da rua, encarando perplexo a situação, provavelmente ele teria visto a cena do assassinato e por conta disse aparentava tremer muito. O Velho então o chamou para ajudá-lo, ele foi hesitante no início. Ainda irado, o Mecânico ordenou o moleque a ajudar o Velho. O jovem devia ter entre os seus quinze anos e com um copo na mão, tremia em direção ao velho, abriu a porta e o ajudou a sair do carro como pôde. Quando enfim estávamos todos reunidos, pensamos em decidir o futuro do pirralho, o Velho achou que embriagar o garoto e deixá-lo esquecer do fato seria uma saída, eu duvidei muito que isso iria funcionar, eu mesmo pensei em matá-lo para evitar que isso fugisse do nosso controle, não o fiz por que seria recriminado pelo resto do grupo.
No meio da discussão o Lâmina resolveu mostrar de maneira sarcástica o porquê de não matar um possível informante, ele perguntou ao defunto –“Que horas vai ser a entrega?”, obviamente sem resposta, ao que o Mecânico em toda a sua delicadeza responde – “Olha a minha preocupação”, terminando por gesticular de forma obscena, isso fez com que na mais tola inocência do garoto, gargalhasse abertamente. O Lâmina por sua vez, não foi de acordo com a atitude do moleque que estava sob nosso julgamento, e sem falar uma palavra sequer, sacou a arma e atirou sem piedade no pequeno infante. Não sei o que acontecia hoje, mas tudo parecia estar indo por água abaixo, um informante assassinado sem ter cumprido o seu total papel, uma criança assassinada a sangue frio, tudo estava rumando ao fracasso. Gritamos em reprovação a atitude do Lâmina, apesar de ter passado pela minha cabeça a possibilidade de matá-lo, não significava que de fato eu o faria.
Decidimos que era hora de sumir Dalí e ir em direção a um dos pontos de entrega que tinha sido dito no interrogatório, Tony havia dito que ele era apenas o motorista daquela operação e que iria para um bar buscar mais alguém com a mercadoria para fazer a entrega no ponto de encontro. Quando nos dirigimos para o carro sentimos falta do refém que estava conosco antes da ação na quadra de basquete, sugeri procurá-lo, ele não poderia ter ido longe pela quantidade de sangue que estava no banco da frente do passageiro, mas não aceitaram a minha sugestão, até porque nós corríamos contra o relógio. Estávamos com duas escolhas, ou iríamos direto ao ponto de encontro, ou iríamos direto para a fonte da entrega em si, no meio do caminho, mas uma vez “a voz” surge nos indicando que tínhamos trinta minutos antes que a entrega fosse feita, perguntei ao Velho em quanto tempo a gente chegaria à fonte da entrega, e quanto tempo era do ponto da fonte ao ponto da entrega, ele respondeu que chegaríamos a tempo se fossemos direto ao ponto da entrega, mas que não era garantido que o entregador chegasse a tempo, por conta da ausência do motorista. Então decidimos que o melhor caminho era ir ao bar e tenta obter o produto antes da entrega ser feita.
Chegando ao nosso destino, estacionamos em uma grande garagem e depois de discutir a melhor alternativa de como entrar lá e achar o entregador sem ser visto como inimigo foi decidido que eu entraria contando o ocorrido na quadra e que teria recebido um pedido do Tony para avisar o entregador enquanto os outros ficariam a espera lá fora para tomarem as devidas ações caso fosse necessário. Como tudo naquele dia, mais uma vez os planos não funcionaram como o previsto, o Velho e o Mecânico entraram no recito quebrando a lógica do combinado, ao que eu entrei na boate gritando desesperadamente sobre o ocorrido, de repente todos correm apavorados em direção a saída ao que vem um homem alto e forte querendo saber por que diabos eu espantei a clientela dele, confesso não ter pensado nessa possibilidade, e mesmo relutante eu resolvi não causar mais problemas, nesse meio tempo o Velho já havia avistado um suspeito saindo do Bar, provavelmente era o nosso alvo, o Lâmina já tinha sido avisado pelo transmissor, e assim que eu saí o vejo com uma arma apontada para o suspeito e já com a maleta do mesmo em posse. Lâmina então pediu ajuda ao Velho que acabara de sair, enquanto o Mecânico foi em direção ao Fusca para nos ajudar na fuga.
Corri para o carro e logo mais chegaram os dois, Velho e Lâmina, com o agora refém. A “voz” mais uma vez entrou em ação falando que o nosso pagamento, dependia do pagamento do conteúdo dessa maleta. O refém estava estranhamente tranqüilo, o Mecânico falou que ele estava sob efeito de drogas e por isso não estava nervoso. Primeiro abrimos a maleta para ver o que tinha dentro, eram alguns papéis e um DVD, colocamos no Drive do Fusca e repassamos as informações para o “chefe”, agora sabendo que só receberíamos o dinheiro se perseguíssemos até o final, decidimos ir de encontro ao ponto de entrega. Iríamos entregar de qualquer forma a maleta com conteúdo alterado, papéis falsos e um DVD adulterado.
Quando chegamos ao ponto, avistamos um carro completamente preto e quatro homens ao redor, eram visivelmente da Yakuza. Assim que paramos um deles veio em nossa direção com uma maleta na mão, ele perguntou sobre a Maleta e o Mecânico perguntou sobre o dinheiro, eles nos mostrou o dinheiro e pediu a Maleta para verificar a autenticidade, minutos depois ele volta com a maleta de dinheiro e volta para o automóvel preto. Voltamos ao carro sem dar as costas para os Yakuzas, na verdade não todos, o refém e o Mecânico foram desatentos e deram as costas ao voltar para o carro. Quando o Lâmina estava entrando no carro para irmos embora dalí, ouve-se um disparo, eu olho para trás e vejo um dos Yakuzas caindo, outro então aponta a arma em nossa direção, mas também é interrompido com um tiro mortal, nesse meio tempo já estávamos em disparada indo embora daquele matadouro, ouvimos ainda mais dois tiros ao sair.
No caminho de volta, sem mais precisar do refém, o Mecânico tirou ele do carro jogando-o no meio da rua. Prosseguimos para uma garagem, onde a “voz” havia indicado ao resto do grupo para deixar o carro e os equipamentos que ele tinha fornecido a eles. Ao sair da garagem pedi para que me deixassem perto dalí, depois me dirigi a um hospital para dar um jeito na minha mão e os ferimentos no peito, apesar da quantia recebida, tive que pedir ao Japa que me ajudasse nessa, os danos foram maiores que o previsto, ainda mais por conta da perna mecânica que tive que recuperá-la. Enfim chego em casa para ter o descanso merecido, e percebo que apesar dessa missão ter me custado caro, uma sensação de alívio que a muito eu não sentia veio à tona, estava precisando de mais ação como essa para voltar ao que já fui outrora.
Fim do 3° ato.
M01: Completa.
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