Quadra


O som na casa cessou não se ouvia nada mais do que o silêncio, e mesmo assim ainda ecoavam nos meus ouvidos os sons dos tiros que a pouco estavam presentes nessa casa. Só agora tinha dado conta da gravidade dos meus ferimentos e o quanto me incomodava me dirigi ao sofá logo na entrada para recompor as minhas energias, logo apareceu na porta o Mecânico que também tinha sido atingido com uma bala na perna. Ele recordou do kit de primeiros socorros que estava na porta malas do carro e foi buscá-lo, assim que ele voltou, já com os devidos curativos feitos, um interrogatório feito pelo Lâmina Negra começa a ser transmitido pelos nossos rádios auriculares, ele estava tentando obter a informação sobre a tal entrega com um dos Punks que estava fora da casa. Depois de uma falsa promessa de manter a vida do garoto em troca da informação e de ter obtido de fato algo do mesmo, ouviu-se um tiro e um baque logo em seguida, ali jazia um informante ludibriado pela ânsia de viver.

Agora havia outra transmissão nos nossos rádios, era o Velho interrogando outro delinqüente na cozinha da casa, dessa vez o interrogatório beirava o cômico, dentre as primeiras perguntas do velhote, ouvia-se a seguinte frase: -“Onde está a bebida dessa casa?”. Confesso que mesmo com bastante dor no corpo não consegui conter um sorriso daquela cena que parecia surreal. Depois de ter obtido a tal bebida, que por sinal não pareceu tê-lo satisfeito, pois ele praguejava com o interrogado com veemência, o Velho partiu para as questões importantes sobre onde seria a entrega, descobriu da mesma forma que o Lâmina Negra que um tal de Tony estava envolvido e que ele primeiramente iria de encontro ao seu ‘bando’ oficial e depois prosseguiria para o canto marcado, uma ponte a qual o Punk não conseguiu exemplificar qual era. O Velho ainda prosseguiu com algumas perguntas sem nexo e com isso obteve uma droga em uma das gavetas da cozinha, foi aí que me lembrei de pedir para o mesmo pegar uma arma com um dos mortos, que provavelmente seria do mesmo calibre que a minha, ele como um bom velho bodejou e acabou me deixando irritado, ao que o Mecânico se propôs a fazer alguns curativos em mim para aliviar a dor, assim foi feito.

O Velho tinha obtido parcialmente a informação, sabia sobre o Tony, sabia onde ficavam as imediações onde ocorreria a primeira parada antes da entrega em si, mas não sabia o local exato, e por conta disso tivemos que aceitar a proposta do Punk de nos levar até lá em troca da própria sobrevivência, mesmo que relutantes nós concordamos. Eu sem esperar a boa vontade do velho rabugento, resolvi pegar a arma do falecido por conta própria e assim nos dirigimos ao carro.

Após nos guiar por alguns poucos quilômetros, o jovem marginal nos indicou onde parar. Ali estávamos a poucos metros do negociador dessa tal entrega a qual não fazíamos a mínima idéia do que seria. Um muro de tijolos nos separava do ponto de encontro, não se ouvia muito além dos sons da natureza e da cidade. Decidimos que alguém teria que ficar tomando conta do nosso mais novo passageiro, e foi decidido que seria o Mecânico por motivos óbvios. Então decidi ir para um dos cantos do muro para tentar avistar algo enquanto o velhote foi em outra direção para talvez tentar uma emboscada. O Lâmina Negra foi para trás do carro sem muitas explicações. Quando tentei avistar com cautela o que ocorria dentro daquele espaço até então desconhecido, cometi um erro de ser avistado, ainda tentei contornar a situação com palavras, mas elas não foram mais rápidas que o impulso de um dos capangas que estavam ao redor de um belo carro. Antes que eu pudesse falar, esse capanga disparou um tiro em minha perna que me fez recuar com o máximo de velocidade que eu poderia naquela situação.

Tentei reverter à situação, mas já era tarde demais, o circo estava formado e eles vinham com sede de sangue, estranhamente quando olhei para o meu lado avistei o Lâmina Negra pulando de cima do carro e vindo em minha direção, mais uma vez, em uma velocidade impressionante, antes que eu pudesse notar, ele já estava abatendo um que estava próximo com uma espécie de espada japonesa, eu pensei que já tinha visto de tudo, mas um samurai no nosso bando estava fazendo aquilo parecer cada vez mais surreal, sem contar os tiros que foram em direção a ele e não pareceu ter pegado, talvez. Só sei que no meio tempo o Mecânico já havia ligado o carro e vinha dirigindo em minha direção, foi aí que tive a brilhante idéia de me segurar na lateral do carro, já que meus movimentos estavam comprometidos devido a minha perna mecânica inutilizada.

Em fração de segundos o Mecânico desviando do Lâmina Negra atropelou um dos marginais e me deu visão perfeita para efetuar um disparo certeiro no terceiro que se encontrava rente ao muro. Ao que começam a vir tiros por todos os lados de um grupo que estava mais a frente do carro, pra minha infelicidade um tiro atingiu a minha mão que estava segurando o carro me fazendo cair do mesmo, sem muita alternativa eu acabei por me fingir de morto no processo. E agora o mais estranho acontecia ao ver o nosso carro prosseguindo o Lâmina Negra tenta fazer o mesmo que eu acabara de fazer, só que dessa vez sem sucesso, acabou se esbarrando e caindo, deixando o carro amassado de uma forma que não correspondia com o seu peso aparente, sem contar que ele nem sequer parecia ter acabado de levar uma queda grave.

Agora, os tiros que até então tinham a atenção voltada ao carro, se voltaram contra o Lâmina Negra, naquela hora eu percebi nitidamente que aquele cara não era normal, não bastasse a arma dele não ser nada convencional, eu não saber, sequer, da onde ele tinha tirado a mesma ele agora ao levar os tiros no corpo, não soava como carne humana sendo atingida, era bem longe disso para falar a verdade, era um som metálico, como se tivessem atingindo a lataria de um carro ou coisa parecida. A verdade é que mais uma vez ele partiu com uma velocidade sobre-humana em direção aos “cães de guarda” do Tony e com uma destreza sem igual ele quase parte um deles no meio, ao que outro foge apavorado e outro tenta fugir disparando desesperadamente no “super-homem”, eu não poderia perder aquela chance de ouro, só restava aquele no meio daquela quadra de Basquete, e eu me expressei bem, só restava, porque com um tiro digno de um franco atirador, eu derrubei o indivíduo que corria feito uma gazela amedrontada.

Depois de toda aquela comoção, o homem indestrutível se aproximou de mim e me pôs nos ombros enquanto se comunicava com um dos nossos. Não sei o que nos espera, mas seja o que for eu espero valer o esforço que estamos fazendo...




Fim do 2° ato.




2 comentários
  1. Bryan Ville Said,

    eu me 'agaranto' mto.

    Posted on 26/03/2009, 04:56

     
  2. Pobre do meu fusca...

    Posted on 29/03/2009, 15:33

     

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